DOMICÍLIO, MUNICÍPIO, ESTADO, PAÍSES: TERRITÓRIOS DE CUIDADOS
“(…) a casa é uma das maiores forças de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem. (…) Na vida do homem a casa afasta contingências, multiplica seus conselhos de continuidade. Sem ela, ele seria um ser disperso; ela o mantém através das tempestades do céu e das tempestades da vida. É corpo e é alma. É o primeiro mundo do ser humano.” Nas belíssimas palavras de Bachelard (1989) a casa é o primeiro território do ser humano, antes de ser “jogado no mundo” o homem é colocado no berço da casa.
Por isso, a residência de cada um reflete cuidado ou falta deste, amor ou desamor, organização ou desorganização, cultura da vida ou descaso com essa… De qualquer forma, reflete inegavelmente seus moradores com todas as suas dores, alegrias, limites e possibilidades. O ambiente interno é também moldado pelo externo; muito da comunidade e município em que vivemos entra sem cerimônia nas residências deixando um traço que os representa. Nossa casa não é imune ao território onde se situa, assim como não somos imunes a tudo o que nos cerca… Vamos nos construindo, como a cada dia construímos nossas relações com o espaço onde habitamos. Não há homens sem território e não há território sem ação humana; sem relações construídas, sem pontos e ramificações formando redes, sem espaços ocupados pela interação humana, os territórios se extinguem, deixam de existir e dão lugar a um imenso vazio.
Para Guattari e Rolnik (1986): o “território pode ser relativo tanto a um espaço vivido, quanto a um sistema percebido no seio da qual um sujeito se sente “em casa”. O território é sinônimo de apropriação, de subjetivação fechada sobre si mesma. Ele é o conjunto de projetos e representações nos quais vai desembocar, pragmaticamente, toda uma série de comportamentos, de investimentos, nos tempos e nos espaços sociais, culturais, estéticos, cognitivos.”
Para além do município, o estado se configura, se formando, não por uma somatória de municípios, mas por uma teia construída por estes e para estes. Cada estado brasileiro mantém delicadamente uma linha tênue que o difere dos demais; um território composto de gestos, ações, pensamentos, ritos e mitos que o faz único, especial na cultura do cuidado e na fragilidade do descuido.
A expansão metafórica e literal dos estados alcança grandes territórios: os diferentes países. Diferentes, tanto culturalmente, quanto econômica e socialmente. Disparidades essas que influenciam os estados, municípios e o interior dos domicílios, demonstrando que tudo está inegavelmente interligado. Os países hoje têm preocupações diferenciadas quanto a sua população autóctone e àqueles que invariavelmente se movimentam, seja pela natural mobilização interna, seja na quase, às vezes, antinatural migração. Rotas de fuga, região de fronteiras, fronteiras de exclusão nos remetem ao processo de desterritorialização cunhado por Deleuze: “não há território sem um vetor de saída do território, e não há saída do território, ou seja, desterritorialização, sem, ao mesmo tempo, um esforço para se reterritorializar em outra parte”. Nessa perspectiva, os domicílios podem representar também movimento, busca por fixação, fuga do impossível de ser vivido para o possível, a não permanência, a ilusão.
Assim se configura o cuidado domiciliar: a cada residência que adentramos levamos um modelo de cuidado forjado pela política pública ou serviço privado daquela localidade e país, assim como nos deparamos com um território único, particular e ao mesmo tempo comum. Território que, sendo a própria casa do paciente, se coadunam as características, traços, marcas e cicatrizes do município, estado e pais onde se situa aquela residência em que o cuidado se efetiva. E é nessa unidade territorial que precisamos nos inventar, dia a dia, na atenção ao outro, utilizando toda técnica, ciência, arte e intuição construídos e reconstruídos no cotidiano que cada vez mais nos chama a agir.
Os cuidados particularizados executados com maestria nas residências, a política mais ampla de caráter municipal, os modelos estaduais forjados frente a características mais abrangentes e o exemplo de outros países serão amplamente discutidos nesse evento que ora se apresenta. O modelo singular pode ser repetido indefinidamente em diferentes espaços, até se tornar comum àquela realidade; assim como a política mais ampla pode ser particularizada até chegar à unidade, não há porque fugir desse movimento.
Como nos diz Deleuze (1996):
“A linha de fuga é uma desterritorialização.
(…)
Fugir é traçar uma linha, linhas, toda uma cartografia.”
Veja mais no link: www.ciad.com.br
09h00 às 12h30
Curso Pré- Congresso I – Enfermagem e Medicina
Atenção aos procedimentos realizados no domicílio: a necessidade do planejamento em equipe.
Curativos e suas especificidades: observando a natureza das lesões.
Cuidados com vias de acesso central – PICC, port-a-cath: evitando as ocorrências mais frequentes.
09h00 às 12h30
Curso Pré- Congresso II – Serviço Social e Psicologia
Domicílio: o conhecimento e reconhecimento deste espaço como possibilidade de cuidados.
Apoio às famílias e cuidadores: propostas específicas de ajuda podem melhorar a qualidade dos cuidados.
O conhecimento da Legislação de Seguridade Social como instrumento de trabalho para os profissionais que atuam no domicílio.
09h00 às 12h30
Curso Pré- Congresso III – Fisoterapia e fonoaudiologia
Fisioterapia respiratória: monitoramento e assistência aos pacientes dependentes de ventilação mecânica no domicílio.
Oxigenoterapia domiciliar e mobilidade: recursos disponíveis .
Reabilitação para pacientes com traqueostomia: indicações e possibilidades.
09h00 às 12h30
Curso Pré-Congresso IV – Nutrição, Farmácia e Terapia Ocupacional
Fármacos x alimentos: a importância da co-prescrição para evitar efeitos adversos
Adaptações e suporte nutricional para pacientes crônicos assistidos em domicílio.
Terapia Ocupacional: valorização de ações simples visando melhorias na vida cotidiana.
09h00 às 12h30
Curso Pré- Congresso V – Atenção Domiciliar no Setor Privado
A busca de estratégias para o enfrentamento dos desafios impostos pelo envelhecimento populacional passa pelo reconhecimento de uma realidade já presente, que exige do Setor o equacionamento do crescente custo da assistência x demanda por serviços de saúde. A mudança de modelo centrado no cuidado integral sugere que o monitoramento de idosos frágeis e com doenças crônicas em domicílio pode diminuir os riscos de internações hospitalares.
Panorama atual da Saúde Complementar no Brasil: expectativas do Setor.
Cuidado integral e longitudinal ao idoso: evitando o impacto das doenças crônicas.
Impactos da mudança de foco no cuidado em saúde: prevenção e sustentabilidade.
Monitoramento ao paciente em seu domicílio: a Atenção Domiciliar como alternativa.
CONGRESSO
14h00 às 18h00
ATIVIDADE I – Domicílio: TERRITÓRIO de Cuidados Paliativos
Palestra: Experiência e expertise necessárias para o exercício do cuidado domiciliar em Cuidados Paliativos. Potencialidades e fragilidades da formação atual dos médicos
Mesa Redonda – Possibilidades e limites da atenção domiciliar em Cuidados Paliativos
Fisioterapia: técnicas, recursos e medidas de conforto para a melhoria das condições de pacientes oncológicos assistidos em domicílio.
Iatrogenia por Hipodermóclise: como evitar?
Cuidados com a boca: atuação do cirurgião dentista no alívio dos desconfortos causados pela xerostomia e outras afecções.
Intervalo
Palestra de Encerramento: Atestado de Óbito: aspectos legais, éticos e burocráticos da morte em domicílio
14h00 às 18h00
ATIVIDADE II – Município: TERRITÓRIO de Cuidados Paliativos
Palestra: Regiões de fronteira: inclusão e exclusão na cidade de São Paulo.
Mesa Redonda: Município: Territórios de Cuidados Paliativos
Atenção Domiciliar para pacientes oncológicos: município com Serviço de Assistência Domiciliar especializada.
Visita Domiciliar a pacientes em Cuidados Paliativos: ações efetivas.
A atenção à família do paciente oncológico: quando a intensificação dos cuidados fragiliza os cuidadores.
Intervalo
Palestra de Encerramento: Cuidado Paliativo e envelhecimento: TERRITÓRIOS de exclusão em São Paulo.
14h00 às 18h00
ATIVIDADE III – Estado: TERRÍTÓRIO de Cuidados paliativos
Palestra – Atenção Domiciliar às crianças nos Estados brasileiros: estamos preparados para a implantação de cuidados paliativos domiciliares?
Mesa Redonda: – Experiências consolidadas em diferentes propostas.
Baby- Care e Cuidado Paliativo: quando a delicadeza e a perícia na abordagem se fazem necessárias.
Internação domiciliar para crianças em Cuidados Paliativos: considerações sobre a família e o domicílio.
Cuidados paliativos infantis e controle de sintomas: os desafios das equipes na efetivação da assistência.
Intervalo
Palestra de Encerramento: – Aspectos éticos e legais e responsabilidades no Cuidado Paliativo infantis.
14h00 às 18h00
ATIVIDADE IV – Países: TERRÍTÓRIO diferenciados de Cuidados paliativos.
Palestra: Cuidados paliativos: panorama mundial
Mesa Redonda: Experiências consolidadas e dilemas
Cuidados Paliativos: pontos comuns dos cuidados em domicílio em diferentes realidades.
Atenção Domiciliar: quando e como intensificar os cuidados ao paciente jovem com doenças neurodegenerativas em fase final.
Envelhecimento e Cuidados Paliativos: um olhar cuidadoso sobre esta prática.
Intervalo
Palestra de Encerramento: Cuidados Paliativos: abordagens e ações pautadas nos princípios da bioética.
PALESTRA MAGNA – “TERRITÓRIO CON(M)VIVÊNCIA”
HAPPY POSTER Salão Nobre (20h00)